Notícias

Fique por dentro

Boletim informativo de economia popular: o tempo da classe e o tempo do capital fictício

Boletim informativo de economia popular: o tempo da classe e o tempo do capital fictício
Por Venâncio de Oliveira
O tempo dos ricos e do trabalho
Quanto tempo levou para que o dinheiro de Musk entrasse na conta do Twitter e o tornasse dono de uma das principais redes sociais do planeta terra? Quanto tempo demora para os acionistas da Petrobrás ganharem R$ 101 bilhões de reais de dividendos? Minutos, frações de segundos, o tempo de uma noite. Nos últimos dois meses, o dólar desvalorizou e valorizou em dois meses. O rico especulador que comprou na desvalorização e vendeu quando valorizou, pode ter faturado milhões nesse curto período de tempo. Essa é a lógica dos juros, do crescimento exponencial do dinheiro que produz dinheiro. Isto é a fórmula do capital bancário de Marx: D-D’, eu tenho um dinheiro que “do nada” capitaliza, gera benefícios e rende milhões. Como dinheiro consegue se autorreproduzir? Qual o segredo das Betinas? Obra de mágica do capital fictício?
Não é à toa que vivemos das ficções contadas nas redes sociais, pois a nossa materialidade é dirigida pela lógica da ficção. A valorização da Petrobrás é uma ficção. O que quero dizer com isso? Há desinvestimento, a política é de vender ativos, vender refinadoras, não há investimento em melhoria das plantas industriais. De fato, vivemos de uma bonança passada, do pré-sal que diminuiu os custos internos de extração. Mas os lucros vêm de aumentar o repasse para os acionistas com inflação do preço final, sem contrapartida em melhorar a empresa. Então, a valorização é resultado da expectativa de inflação de lucros com a expropriação da população. As pessoas compram ações, levando ao mercado a pontuar melhor. É o investimento sem espera do tempo de maturação. E quanto tempo leva para gente trabalhar e conseguir pagar o gás? Hoje, o gasto com gás representa 9,4% do salário mínimo! 10% de um mês de salário. 44 horas semanais. 176 horas no mês. Imagina para pagar os R$ 110 bilhões de reais que um acionista ganha em um mês, coloca na conta, que milhares trabalhem 176 horas, então, são muitas horas de trabalho, que significam anos, resultando em bilhões de reais que enchem o bolso de uma pessoa em poucos minutos.
Mas o tempo-instante do capital fictício é uma ilusão. Pois a história é feita do tempo longo. É essa reflexão que o 1° de maio deve trazer para gente. O capitalismo tem pouco mais de dois séculos e quantos genocidas caíram, quantas vezes nos deram por caídos e levantamos. Em El Salvador, nos anos setenta, em meio a um governo altamente repressor, os salvadorenhos fizeram a greve dos braços caídos e o governo caiu.
Continuamos com o boletim Além da reflexão acima, continuarei trazendo informações e análise da economia política das lutas. E, continuando com o boletim, na toada do tempo da especulação, temos que o dólar voltou a desvalorizar. Na última semana, saltou outra vez à casa dos R$ 5,00. Assim, vivemos nos tempos de Bolsonaro, de movimentos e ciclos de lucratividade que duram semanas, meses, é um vai-e-vem, como seu espírito democrático e a estabilidade. Algumas semanas de descanso, até acordar com alguma ameaça disparatada ou algum protesto contra o STF.
Preço da soja nas alturas no país produtor de soja Segundo reportagem do UOL, o óleo de soja pode ser encontrado a R$ 24,62. Somos um dos maiores produtores de soja. O agronegócio tem subsídios e investe em produtividade e mesmo assim pagamos caro pelo óleo de soja. Assim como a carne, esses setores se aproveitam das condições do mercado e ganham rendas extraordinárias. Ucrânia era exportadora de óleo de Girassol e com o petróleo e gasolina cara, há pressão para utilizar óleo vegetal como combustível. No entanto, como sempre, temos um governo inepto, que em vez de controlar e regular estoques de exportação, capaz de manter estável o mercado interno, deixa alguns ganharem enquanto os demais morrem de fome.
Servidores da educação em luta Porém, continuamos na luta. Dia 29/04, os servidores da educação do Paraná paralisaram contra o arrocho de Ratinho Junior e suas políticas de desmonte dos serviços públicos, principalmente da educação. Em Londrina, os servidores da UEL têm um arrocho que é maior que 30% e tem de enfrentar agora a LGU que vai cortar ainda mais gastos. Enquanto isso, o governo estadual tem superávit, com renúncias fiscais bilionárias. Não tem dinheiro? Ou o projeto é que não tenha educação pública? Tanto o dia 29/04 como o dia 01/05 foram um indicativo de retomada das ruas, se ano passado ganhamos a vacina por meio da pressão das ruas, esse ano precisamos retomar essa luta para vencer os governos Bolsonaro e Ratinho Júnior.
Discussões programáticas Precisamos pautar que um projeto soberano de país passe por um programa que evidencie o protagonismo popular, que as ruas, as lutas, e os espaços auto-organizados da classe, sejam espaços de contrapoder e de resolução dos conflitos, que seja ali, envolvendo a população, onde se defina em última instância os grandes eixos de política econômica. Não basta, portanto, apenas reivindicarmos um Estado indutor de desenvolvimento, sem entendê-lo como espaço de conflitos de classes.
fontes do texto
Boletim informativo de economia popular: o tempo da classe e o tempo do capital fictício
© 2024 - ASSUEL - Todos os direitos reservados Website? Fale Conosco - Londrina S/A